segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

ESCRITA, IMAGENS ANIMADAS ...SEMPRE IDEIAS




Charles-Émile Reynaud em seu teatro óptico 

Volto à escrita como se dela tivesse me ausentado. Pensar o cinema, o que ele tem de criador e instigante é estar sempre presente em meio às imagens que profusamente vemos aqui fora e nas telas. Pensar o que já foi criado mostrando uma história da técnica, se transforma em inquietação porque imaginamos que desde 1898 os Irmãos Lumière inventaram uma maneira de capturar imagens e transmitir essas imagens em um aparelho, o cinematógrafo, que fazia as duas coisas, capturava-as e projetava, esta última, a inovação que resultou no que hoje se tem como cinema.  
O estudo da história das técnicas cinematográficas, mostra que o praxinoscope, criado em 1876, por Charles-Émile Reynaud (1844-1918) foi uma das inovações que trouxe o desenho de animação para a galeria das imagens e hoje, pouco se lê sobre isso. Ou poucos são instigados para estudar essa categoria. Como estou sempre percorrendo essa área e, agora, para orientar jovens que já têm experiência prática na animação no cinema, encontrei um vasto material sobre esse tema. Entre estes, o texto do Prof. Alan Cholodenko (The University of Sydney, Art History and Film Studies)- “A Animação do Cinema” (Galaxia (São Paulo, online), n. 34, jan-abr., 2017, p. 20-54), que analisa a presença de Charles-Émile Reynaud no cinema, antes dos Lumière. E o desenho de animação como uma arte que será apropriada pelas imagens em movimento.
Em um site interessante (http://biografiaecuriosidade.blogspot.com/  há uma biografia de Reynaud do qual fiz esse recorte:
“Em 1879, ele estava pronto com uma evolução da invenção, que ele chamou de “Praxinoscopio-Teatro”. Nele, as imagens em movimento se contemplavam refletidas numa espécie de palco teatral em miniatura e sobrepostas em projetos decorados como no método lanterna mágica, que constituía um fundo sobre o qual as figuras se moviam. Trata-se de um precursor do sistema de dupla exposição ou sobreposição, técnica que seria importante no desenvolvimento da cinematografia. Mas o principal inconveniente era que o movimento animado sobre um tambor, deveria ser necessariamente cíclico. Portanto, Reynaud concebeu a ideia de desenhar suas imagens, não sobre espelhos rígidos, mas sim, em uma fita transparente e flexível, que lhe permitiria passá-la de uma bobina para a outra.” (...)
Em 1892, Reynaud fez um filme curta de animação francês, de 15 minutos - “Un bon bock” (A Good Beer ou Uma Boa Cerveja). Usou 700 quadros pintados. Constitui-se num dos primeiros filmes animados criados e o “primeiro a ser exibido no praxinoscope modificado de Reynaud, o teatro óptico.”
Os estudos sobre esse inventor prosseguem. O texto do Prof. Alan Cholodenko (2017) tem informações ricas sobre a historiografia da animação. E o site: https://sydney.academia.edu/AlanCholodenko , com muitos textos para download.
A técnica cinematográfica desenvolveu-se, cooperando o fenômeno chamado “persistência retiniana”, ou seja, a incapacidade da imagem persistir nos olhos humanos por determinado tempo, levando à descoberta do movimento de imagens colocadas em série que ultrapasse determinada velocidade. As pesquisas, a partir desse recurso, levaram às formas de animação e também ao uso de fotografias dispostas em serie que Thomas Edson aplicou em seus aparelhos e os irmãos Louis e Auguste Lumière, que eram filhos de um fabricante de películas fotográficas, criaram, com o cinematógrafo, a técnica da projeção dessas imagens, dando a noção e movimento a uma plateia mais ampla.
Outros textos e informações sobre essas técnicas no cinema vão estar por aqui, de vez em quando.

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