Volto à escrita como se dela
tivesse me ausentado. Pensar o cinema, o que ele tem de criador e instigante é
estar sempre presente em meio às imagens que profusamente vemos aqui fora e nas
telas. Pensar o que já foi criado mostrando uma história da técnica, se
transforma em inquietação porque imaginamos que desde 1898 os Irmãos Lumière inventaram
uma maneira de capturar imagens e transmitir essas imagens em um aparelho, o
cinematógrafo, que fazia as duas coisas, capturava-as e projetava, esta última,
a inovação que resultou no que hoje se tem como cinema.
O
estudo da história das técnicas cinematográficas, mostra que o praxinoscope, criado
em 1876, por Charles-Émile Reynaud (1844-1918) foi uma das inovações que trouxe
o desenho de animação para a galeria das imagens e hoje, pouco se lê sobre isso.
Ou poucos são instigados para estudar essa categoria. Como estou sempre
percorrendo essa área e, agora, para orientar jovens que já têm experiência
prática na animação no cinema, encontrei um vasto material sobre esse tema. Entre
estes, o texto do Prof. Alan Cholodenko (The University of Sydney, Art History
and Film Studies)- “A Animação do Cinema” (Galaxia (São Paulo, online), n. 34,
jan-abr., 2017, p. 20-54), que analisa a presença de Charles-Émile Reynaud no
cinema, antes dos Lumière. E o desenho de animação como uma arte que será
apropriada pelas imagens em movimento.
Em
um site interessante (http://biografiaecuriosidade.blogspot.com/
há uma biografia de Reynaud do qual fiz
esse recorte:
“Em 1879, ele estava pronto com uma evolução da invenção, que
ele chamou de “Praxinoscopio-Teatro”. Nele, as imagens em movimento se
contemplavam refletidas numa espécie de palco teatral em miniatura e
sobrepostas em projetos decorados como no método lanterna mágica, que
constituía um fundo sobre o qual as figuras se moviam. Trata-se de um precursor
do sistema de dupla exposição ou sobreposição, técnica que seria importante no
desenvolvimento da cinematografia. Mas o principal inconveniente era que o
movimento animado sobre um tambor, deveria ser necessariamente cíclico.
Portanto, Reynaud concebeu a ideia de desenhar suas imagens, não sobre espelhos
rígidos, mas sim, em uma fita transparente e flexível, que lhe permitiria
passá-la de uma bobina para a outra.” (...)
Em 1892, Reynaud fez um filme curta
de animação francês, de 15 minutos - “Un bon bock” (A Good Beer ou Uma Boa
Cerveja). Usou 700 quadros pintados. Constitui-se num dos primeiros filmes
animados criados e o “primeiro a ser exibido no praxinoscope modificado de
Reynaud, o teatro óptico.”
Os estudos sobre esse inventor prosseguem.
O texto do Prof. Alan Cholodenko (2017) tem informações ricas sobre a
historiografia da animação. E o site: https://sydney.academia.edu/AlanCholodenko
, com muitos textos para download.
A técnica cinematográfica desenvolveu-se,
cooperando o fenômeno chamado “persistência retiniana”, ou seja, a incapacidade
da imagem persistir nos olhos humanos por determinado tempo, levando à
descoberta do movimento de imagens colocadas em série que ultrapasse determinada
velocidade. As pesquisas, a partir desse recurso, levaram às formas de animação
e também ao uso de fotografias dispostas em serie que Thomas Edson aplicou em
seus aparelhos e os irmãos Louis e Auguste Lumière, que eram filhos de um fabricante
de películas fotográficas, criaram, com o cinematógrafo, a técnica da projeção dessas
imagens, dando a noção e movimento a uma plateia mais ampla.
Outros
textos e informações sobre essas técnicas no cinema vão estar por aqui, de vez
em quando.
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